quarta-feira, 23 de junho de 2010

Capítulo 20 - * Dor, Arrependimentos e Rancores:

Eu avistei o corredor escuro e me senti encolher ao encará-lo. O efeito da tequila ainda estava em mim. Meus pés tropeçaram durante meu caminho ate o dormitório e minha visão não era das melhores também. Eu tive que me apoiar algumas vezes até que tudo parasse de rodar e me sentir segura para continuar. Meus lábios ainda continuavam inchados devido ao beijo que Victor tinha me dado. Eu me peguei sorrindo ao lembrar o que tinha acontecido. Eu ainda me sentia com raiva e frustrada por ele me esconder coisas, mas ele não era o maior culpado dessa história. Olhei a caixa na minha mão e pensei sobre o que ela continha. A adaga. Isso me trouxe a imagem de Lucius e Luisa. Eu não tinha visto nada. Nem ao menos ouvido nada. Apenas o simples fato de ver suas pernas trançadas, os pés suspensos e o silêncio repentino. Ele tinha se perdido por alguns minutos na boca dela e eu o assisti se afastar um pouco mais. Então eu o empurrei mais um pouco no abismo que nossa relação tinha se tornado. Eu não sei o que vai acontecer quando disser minhas palavras. Eu nem sei o que vou dizer. As conseqüências delas eram menos previsíveis ainda. Eu conhecia Lucius. Eu o conhecia bem de mais. Ele se escondia sob uma casca grossa e funda de arrependimentos, culpas, rancores, dor, presunção, arrogância, soberba e orgulho. Ele aparenta ser forte. Ele é forte. Mas de perto, as poucas pessoas que ele permitia chegar perto, poderia ver as pequenas rachaduras, as frestas que se poderia ver o quão profundo ele era. Os medos que ele tinha, as virtudes, seus sonhos, sua proteção, sua felicidade rara, seus acertos, seus erros, seu carinho exacerbado e o mais importante, o amor que ele cultivava pelos poucos amigos que o cercavam. Foi por esse homem que eu me apaixonei. Mas ocorreu algo, que eu não me lembro, que mudou tudo isso. Ele se fechou novamente para mim. Não me via como a garotinha inocente do orfanato. Ele me via como mais alguém que poderia o machucar de novo, direta ou indiretamente, através da casca invisível que ele projetou. Diferente dele, eu era uma pessoa aberta. Eu me entregava ao que sentia sem medo do que aconteceria a mim. Então quando algum sentimento me atingia, ele me engolia por inteiro. Mas dessa vez eu estava sofrendo mais do que sendo feliz. Antigamente as feridas cicatrizavam, agora elas se repetiam, me machucam, não me dando tempo de curá-las. Eu tinha duas opções. Ou as deixavam me engoliram ou fingia para mim mesma que isso não importava. Eu escolhi a última opção. Meus pensamentos me levaram até a porta do dormitório, sem ao menos perceber. Senti lágrimas em meus olhos e me xinguei mentalmente. Enxuguei meus olhos com as costas da minha mão e encarei a porta, que parecia meio nublada. Eu seria mais uma pessoa que o encheria de dor, arrependimentos e rancores. Com essa certeza em mente eu abri a porta. A luz da sala estava acesa, revelando bem as feições de Lucius. Ele estava no sofá preto, deitado, os olhos atentos ao livro a sua frente, uma mão o segurava e o outro braço estendido relaxadamente sobre sua barriga, sem camisa, enquanto uma perna se encolhia no sofá pequeno, a outra estava dobrada, franzindo sua calça branca de algodão. Ele parecia realmente prestar atenção no livro. Não me notou nem quando adentrei a sala. Fechei a porta e ele continuou a ler. Olhei novamente para ele. A pele clara, algumas pequenas cicatrizes em seu abdômen, as pernas grossas sob o tecido folgado, o nariz afilado, seus olhos azuis na penumbra, as mãos grandes, sua boca mediana. Flashes da semana interior vieram a minha mente.

Ele me olhou com olhos furiosos. Eu senti medo, um medo que eu não poderia descrever. Não dele, mas de mim. Medo do que poderia fazer com ele tão perto, medo do que poderia falar. As palavras estavam ali. Todo esse tempo. Eu poderia falar para ele que eu sabia... Sabia que ele tinha caído por mim. Meu medo aumentou. Ele confirmaria. É claro que ele confirmaria! É tudo minha culpa. Então tudo desmoronaria. Eu saberia que tudo era minha culpa. Que ele era infeliz assim por minha causa. Que ele tinha desistido das suas crenças na única esperança de me ter. E que nesses últimos meses a única coisa que eu fiz foi culpá-lo pelos meus próprios erros. Ele ajoelhou na minha frente com olhos em agonia, espelhando os meus. Seus braços foram lentamente me envolvendo, me acolhendo. A pouca coragem que eu tinha se foi. Eu não falaria para ele agora, não agora. Deixei-me ser guiada por suas mãos e afagos. Ele moldou meu corpo ao seu e eu me deixei ir. Deitada sobre seu torço era como se tudo tivesse desaparecido. Um único sentimento prevaleceu. Culpa*.

- Desculpa. Desculpa Lucius – foram as únicas coisas que eu consegui falar - É tudo minha culpa. Eu não deveria estar aqui.

Ele apertou os fios dos meus cabelos como se compartilhasse a dor. Uma de suas mãos me apertou mais contra ele e me vi deitar mais sobre ele. Eu ouvia nitidamente seu coração bater, forte e acelerado. Ele passou sua mão sobre meu rosto, limpando as lágrimas, deixando um caminho terno no processo. Isso me consolou. Fechei meus olhos. Sua mão deslizou do meu ombro ate meu rosto, me segurando. Senti seus lábios sobre minha testa e me agarrei mais a ele. Beijou a ponta do meu nariz. Uma nostalgia morna me envolveu. Ele fazia isso ainda quando era pequena. Sorri involuntariamente ainda com os olhos fechados. A mão sobre minhas costas desceu mais e me puxou mais ao seu encontro. Minha mão espalmou sobre seu peito. Senti algo quente irradiar onde o tocava e me invadir. Beijou minha bochecha. Minhas unhas o arranharam lentamente pedindo por mais. Passou sua mão sobre meu rosto tirando as lágrimas que ainda estavam ali. Beijou meu queixo, o que me deixou um pouco desconcertada, percebendo o caminho que sua boca trilhava. Beijou calmamente meu pescoço, um leve chupão. Senti uma estranha necessidade se alastrar por mim, me fazendo arrepiar. Sua mão ajustou sobre meu ombro me trazendo mais para ele. Sua boca encontrou a volta do meu seio, deixando que sua língua deslizasse pelo local. Apertei sua nuca, afundando minhas unhas, implorando que continuasse. Como se brincasse comigo ele parou, deslizou sua língua até o vão do meu pescoço, abriu a boca e o sugou. Senti todas as barreiras sendo derrubadas. Deslizou sua boca sob minha pele e chegou a minha orelha. Ele soprou o ar quente e arrítmico da sua boca em minha pele. Senti sua aproximação e senti meu coração bater mais rápido. Mordeu, como uma tortura lenta, o lóbulo da minha orelha, fazendo todo o meu corpo se retesar de prazer. Eu preciso de mais... “Lucius”. Eu deixei seu nome escapar entre meus lábios. Ele se afastou repentinamente me fazendo imaginar o que ele faria em seguida. Mas não fez. Abri meus olhos para encontrar os seus me encarando. Eu nunca me acostumaria com aquele tom azul. Ele desceu sua boca a minha em um processo lento, ainda me olhando nos olhos. Eu senti todo aquele sentimento, todo o meu amor por ele, me invadir apenas com seu olhar. Ainda o olhava quando beijou o canto da minha boca, me provocando. Fechei meus olhos quando senti sua língua passar sobre meu lábio inferior e o morder. Abri minha boca ligeiramente e senti sua lingua me invadir. Um beijo lento. Ele não aquentou tanto quanto eu. Passou sua mão dos meus ombros para meu cabelo e forçou minha cabeça para trás fazendo minha boca se abrir mais. Sua língua invadiu mais minha boca e colidiu com a minha. Transformando o beijo mais profundo e sagaz. Enquanto isso, com a mesma mão que tinha puxado meu cabelo, ele a deslizou sobre minha blusa chegando ao ponto em que minha barriga não estava coberta. Passou seus dedos sobre minha pele, enquanto ainda me beijava, e a deslizou ate o pequeno espaço que minha calça jeans permitia. Senti meu corpo reagir, me arqueei querendo mais. Arrepios me dominaram. Sua mão vagou mais um pouco perto agora do zíper, mas por baixo do tecido. Tirei minha boca da dele involuntariamente e sussurrei o ar. Ele se aproveitou e baixou sua boca em meu pescoço, o chupando lentamente enquanto sua mão voltava para minha cintura. Apertei em reprovação com que ele acabara de fazer e em resposta subiu sua mão passando por toda a extensão da minha blusa até chegar a meu seio. Sugou meu pescoço ao mesmo tempo em que apertava meu seio. Os arrepios voltaram, dessa vez mais forte. Foi descendo delicadamente sua boca ate o meu colo e o beijou. Foi ate meus ombros e beijou a ferida que fora deixada a mostra pela blusa. Apertei seu pescoço querendo que voltasse a me beijar. Tentei guiá-lo novamente ate minha boca, mas ele não o fez. Eu podia sentir seus olhos em mim, me averiguando, mas eu me neguei a abrir os olhos. Subiu a tecido da minha blusa vagarosamente, apreciando cada momento. Espalmou sua mão contra minha barriga e deixou que ela se perdesse ali. Quando percebi que sua mão aproximava do meu sutiã senti meu corpo sofrer espasmos. Soltei todo ar que prendia em meus pulmões e senti a boca de Lucius voltar a minha. O beijo foi mais lento enquanto ele ainda passava a mão em minha cintura, aproveitando a pequena vantagem de eu estar quase seminua. Mas eu não deixaria essa pequena desvantagem para mim. Parei o beijo. Minhas mãos foram ate a barra da sua blusa, ainda de joelhos a sua frente, e comecei a subi-la. Seus olhos estavam em mim em todo processo. Ele me ajudou a tirá-la de seu ombro e a jogou ao seu lado. Ele me olhou com duvida e medo, eu já não raciocinava mais. Coloquei minhas mãos em seu pescoço e o puxei para mim. O beijei. Com paixão. Desejo. Amor. Louca por mais. Senti meu lábio inchar ainda sob os seus devido à força do beijo. Com uma mão ainda sobre seu pescoço, eu deslizei a outra em seu torço. O beijei, mas sem perder a concentração com que fazia com minha mão. Deixei que ela apertasse levemente o seu peito, o sentindo arfar entre nossos beijos. Desci mais sentindo meus dedos moldar seu abdômen definido. Por último arrastei minhas unhas sobre sua pele ate o fim, chegando a sua calça. Ele se encolheu demonstrando também seu desejo. Isso me incentivou mais. Parei de beijá-lo e subitamente comecei a descer minha boca ate seu pescoço, me permitindo cravar meus dentes levemente. Ele sussurrou baixo como se gostasse. Minha mão segurava o começo da sua calça enquanto a outra ainda estava em seu pescoço. Desci beijos sobre seu colo e continuei a descer. Beijei demoradamente seu tórax. Desci mais e deslizei minha língua sobre seu corpo quente, o fazendo tremer. Mordisquei levemente ate chegar próximo a sua cintura. Mantive o contato da minha boca ate chegar próximo à calça. Chupei acima a sua virilha, onde a calça não cobria e o vi fechar os olhos. Sorri para mim mesma orgulhosa e feliz. Voltei minha boca, fazendo o caminho inverso, fazendo que minha mão fizesse o mesmo em suas costas. Senti as cicatrizes ganharem espaço em minhas mãos, deslizei meu dedo sobre a cicatriz maior e vi tudo voltar em minha mente. A primeira vez que as vi, na cozinha, ele tinha gritado comigo. Eu não deveria estar aqui. Então ele caiu. Eu não sei por que você ainda se importa. Desculpa Lucius. Você não sabe o que eu seria capaz de fazer para te ter? Caiu por mim. Eu me lembrei o porquê de estar aqui. Minha culpa. Minha culpa. Eu não deveria fazer isso com ele. Não se eu ainda tenho duvidas. Soltei-me dele, ainda vendo seus olhos avaliativos. Senti minhas pernas tremerem ao me levantar do chão. Ele me olhou como eu nunca o tinha visto. Perdido. Confuso. As lágrimas voltaram. Arrumei minha blusa tentando evitar o choro. Ele estava ali em minha frente, ajoelhado, sem camisa, sem muros, me correspondendo. E eu estava fugindo. Eu não poderia dizer nada, a não ser...

-Des... Desculpa. Isso não vai acontecer mais.



Desculpa por te fazer isso. Me aproximei. Abri a caixa branca e tirei a adaga de lá. Dei uma última olhada e a joguei sobre a pequena mesa de centro. Ela deslizou até atingir o meio da mesa.

- Obrigada pelo presente Lucius – as palavras saíram mais amargas do que eu queria.

Ele desviou seus olhos do seu livro e olhou para mim. Seus olhos diziam que ele estava tão feliz quanto eu. Voltou a olhar a mesa e encontrou a adaga ali, mas não reagiu da maneira que eu esperava. Ele voltou a ler seu livro como se nada tivesse acontecido. Mordi o interior da minha boca contendo minha raiva. Ele não renderia tão fácil as minhas provocações. Dei as costas à sala e fui para cozinha fingir fazer alguma coisa. Abri a porta da geladeira e fiquei ali fitando a garrafa de água.

- Porque você não foi ao dormitório do Victor? – eu soei calma.
Não me respondeu. Mal olhou para mim. Peguei a garrafa e fechei a geladeira. Servi uma boa quantidade de água em um copo e bebi. Ainda me sentia tonta, mas estava passando. Eu não tinha comido nada a noite, o que piorava a situação. Dei um último gole na água, coloquei o copo sobre a pia e devolvi a garrafa à geladeira. Fechei os olhos e suspirei, cansada e me sentindo estúpida. Encostei a testa sobre a superfície gelada da geladeira e tentei reunir coragem. Eu tinha começado isso, eu terminaria. Descolei minha testa da geladeira e andei ate Lucius com passos lentos e contados. Ele ainda prestava atenção no maldito livro. Parei a seu lado, próxima a sua cabeça e olhei para seu livro. Era mais um do Stephen King. Ele adorava livros do Stephen da mesma maneira que gostava dos poemas de Augusto dos Anjos. Respirei profundamente tirando as imagens dele lendo para mim quando ainda tinha dez anos. Não era hora de lembrar da minha infância. Cruzei os braços sobre minha bata e comecei a tirá-la em um processo lento. Fechei meus olhos para não poder olhar para ele. O tecido leve da blusa escorreu dos meus dedos. Percebendo que ele não fez nada continuei. Levei minha mão para trás para alcançar o feixe do meu sutiã. Senti uma mão moldar meu pulso que ainda estava em minhas costas. Abri meus olhos e o encontrei sentado, com pernas abertas ao meu redor, próximo para poder segurar minha mão. Seus olhos próximos a minha boca, mas seu olhar estava perfurando os meus.

- O que você esta fazendo? – sua voz saiu dura*.

- Terminando o que começou na piscina. Não é só isso que você quer de mim?

Destravei um colchete e senti o sutiã folgar um pouco do meu corpo. Ele apertou mais meus pulsos e se levantou. Ele era mais alto, o que me obrigou a olhar para cima. Nossos corpos se encostaram e me senti exalar. Com uma mão me prendendo em minhas costas, eu tentei me controlar.

- Claire... Você sabe que não é isso – ele disse mais ameno.

- Eu sei? – tirei as mãos do feixe e soltei meu braço ente meu corpo, mas ele continuou a me segurar – A única coisa que eu seu é que eu quero você e suas mentiras longe da minha vida!

Eu disse cada palavra em uma fúria cega e seca. Ele se adiantou e se abaixou. Passou seu nariz sobre meu rosto e chegou a meu pescoço.

- Eu minto? – cheirou a curva do meu pescoço – Não sou eu que uso pessoas, Claire. Dormindo com o Victor agora?

Aquilo calou fundo dentro de mim. Eu esperava isso dele. Voltou a me olhar e soltou os meus pulsos.

- Ele é tão diferente de você – eu não respondi sua pergunta – Ele me trata de igual pra igual. Sincero comigo. É diferente com ele...

- Eu sei como ele é diferente de mim... – ele cuspiu as palavras em minha cara.

- Hoje eu vi como eu me sinto com ele, quando ele me toca, quando ele me beija...

Lucius apertou meus ombros – Não ouse me falar como ele te toca – as palavras saíram entre seus dentes trincados.

- Não é só isso Lucius – as palavras saíram mais calmas do que a situação que me rodeava – Eu sinto que com ele é algo real, não é ilusório como eu me sinto com você. Essa obsessão que eu sinto por você não é amor. Eu vivi praticamente sete anos da minha vida me segurando em você, tendo você como espelho. Sentir algo por você era praticamente obrigatório pra mim. Agora eu sinto que você foi só uma pessoa que fez parte do meu passado, importante pra mim, mas não amor. Victor me mostrou que o mundo não é apenas minhas lembranças. É o presente também.

- Obrigatório? – ele disse como se não acreditasse nas palavras que eu disse – Então quer dizer que no dia na piscina também foi obrigatório?

- Eu tava confusa Lucius... – comecei um choro silencioso.

- Confusa? – ele apertou mais meus ombros – Você tava brincando comigo Claire? Era isso? - fiquei em silêncio, zonza com suas palavras – RESPONDE!

Ele gritou enquanto me balançava fortemente. As lágrimas verteram sobre meu rosto.

- Não Lucius. Eu só estava confusa. Cansada – as palavras saiam rápidas – Eu tinha fugido da enfermaria pra ver o Victor. A gente se beijou como eu nunca tinha o beijado. Então eu senti os sentimentos virem. Eu nunca pensei que poderia amá-lo, então, aquela noite quando eu te vi, eu tentei me agarrar ao que eu sentia no passado. Aquilo que eu realmente pensava que sentia. Mas não adiantou. A única coisa que vinha a minha mente era Victor – ele continuou me olhando como se não entendesse o que eu acabará de falar - Desculpa Lucius.

- Você o ama? – ele relaxou seus dedos em volta dos meus ombros – Você ama o Victor?

Ele soletrou cada palavra para mim fazendo meu coração se apertar dentro de mim.

- S... Sim. Eu o amo – eu menti.

E ele acreditou. Eu pude ver em seus olhos que ele acreditou. Eu ainda tinha aquela idiota esperança que ele soubesse que eu nunca poderia amar outra pessoa. Ele já fazia parte de mim. Eu nunca poderia amar outro. Mas ele acreditou nas minhas amargas mentiras. Ele tirou uma mão dos meus ombros e pousou em meu rosto. Colocou sua testa sobre a minha, fechou os olhos e me beijou. Um beijo curto, dura, seco, cheio de sentimentos e seco pelo que ele tinha ouvido. Partiu o beijo e continuou com a testa junta a minha com os olhos fechados.

- Eu vi a humanidade crescer, se construir. Eu vi homens se matarem por quase nada. Carreguei almas para alem da vida. Vim a terra. Conheci grandes homens. Fiz amigos. Os vi morrer. Fiz inimigos. Matei demônios. Quase morri. Eu já perdi tanto. Eu já me feri de formas inimagináveis. Mas nada... Nada se compara com a dor que é amar você.

As palavras cravaram profundamente na minha mente e em meu coração. Um soluço fundo escapou dos meus lábios. Ele se afastou me deixando mais desamparada do que eu já me sentia.

- Não se preocupe Claire, eu não vou estar mais na sua vida. Eu vou esquecer você – ele me disse isso como se não fossem nada.

Ele saiu do dormitório me deixando sozinha. Encolhi-me, me abraçando sobre o sutiã. Sentei no chão frio da sala e encostei minhas costas na mesa. Abracei minhas pernas e deixei aquela imensa dor me engolir. Eu senti como se algo, uma perna, um braço, o coração tivesse sido arrancado. Eu o perdi.

4 comentários:

  1. pra quem curti ler escutando música tem que ler a parte em que a Claire relembra do tão fatidico beijo na piscina escutando Bittersweet - Apocalyptica
    e na outra parte eu ja coloquei nos textos ("dura*"), mas vou repetir.
    tem que ler escuntando You Lost Me - Christina Aguilera

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  2. Muitoo bom cap como sempre!!!!! Acho qe o Lucius vai dar uma chance pra minogue, que ot morrendo de curiosidade pra saber quais sao as intenções da Claire agora !!!

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  3. ahhh, eu começei a ler hoje e ja to chorando horrores.. to amando.. ansiosa por mais *-*

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  4. CARAMBA, eu li em uma noite e estou completamente apaixonada!
    Como claire fez isso com lucius? :/
    victor cat, claro. mas sera que vai ter um triangulo?
    ansiosa :D
    beijo, continua!

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